quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Florbela Espanca (8 de Dezembro de 1894 — 8 de Dezembro de 1930)



Ser Poeta

Ser Poeta é ser mais alto, é ser maior 
Do que os homens! Morder como quem beija!
É ser mendigo e dar como quem seja
Rei do Reino de Aquém e Além Dor!

É ter de mil desejos o esplendor
E não saber sequer que se deseja!
É ter cá dentro um astro que flameja,
É ter garras e asas de condor!

É ter fome, é ter sede de Infinito!
Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim...
É condensar o mundo num só grito!

E é amar-te, assim, perdidamente...
É seres alma e sangue e vida em mim
E dizê-lo cantando a toda a gente!

Florbela Espanca, in Charneca em Flor